Como as texturas transformam os espaços
2 maio, 2025
Entenda como o uso estratégico de texturas naturais pode transformar a percepção, o conforto e a sofisticação de um espaço.

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Texturas têm o poder de transformar espaços de maneira silenciosa, porém profundamente impactante. Elas não gritam por atenção — se fazem presente. A escolha de um material, seu relevo, sua temperatura, seu toque: tudo isso altera a forma como um ambiente é percebido. Quando bem aplicadas, as texturas não apenas complementam um projeto, mas contam uma história sensorial que permanece na memória de quem habita ou visita aquele lugar.

Mais do que apelo visual, as texturas despertam até mesmo percepções espaciais. Uma parede revestida com madeira rústica transmite calor e acolhimento. Já o mármore liso e frio evoca elegância e permanência. Um espaço pode ser acolhedor, sofisticado, bruto, delicado — tudo depende da relação entre forma, luz e matéria.

A materialidade como estratégia de narrativa

Todo projeto bem-sucedido nasce de uma intenção. E essa intenção se manifesta também pela curadoria dos materiais. Escolher uma textura não é apenas decidir “se vai ser fosco ou brilhante”, “áspero ou macio” — é definir como o espaço vai conversar com quem o percorre. Materiais orgânicos, por exemplo, falam de vida, de tempo, de transformação. Eles convidam ao toque, à contemplação.

É aqui que entra o papel de peças artísticas no contexto arquitetônico. Elementos táteis, como as criações da Monterraro, feitas com casca de ovo, café ou erva-mate, criam pontos de contato entre o espaço e a experiência do corpo. Elas despertam curiosidade e afeto, dialogando com os contrastes do projeto e criando tensão poética.

Destaque da textura da mesa Estalactite, da Monterraro

Luz e textura: uma parceria essencial

A textura só revela seu potencial pleno quando encontra a luz certa. Relevo e sombra caminham juntos — uma superfície com irregularidades reage à iluminação natural de maneira diferente a cada hora do dia. Isso torna o espaço vivo, em constante mutação. A interação entre luz e textura também pode ser usada para guiar o olhar, destacar volumes ou até suavizar áreas de transição.

Em ambientes mais neutros, uma peça com textura marcante pode servir como âncora visual. Em espaços já complexos, o uso controlado de texturas ajuda a equilibrar e harmonizar os elementos. O segredo está no contraste calculado e na intenção clara por trás de cada escolha.

A linguagem das escolhas

Arquitetos atentos sabem que o sucesso de um projeto está nos detalhes e que um de seus maiores aliados nesse processo é o contraste. Colocar um tampo de concreto polido sobre um aparador de madeira bruta ou combinar uma parede de pedra com cortinas de algodão cria camadas de interesse visual. Essas escolhas não precisam ser ousadas: até mesmo o uso de um único material em diferentes acabamentos — como casca de ovo lisa versus rugosa — pode transformar a percepção do espaço, sem alterar sua paleta cromática.

As texturas também influenciam diretamente na funcionalidade do espaço. Tecidos grossos, estofados e fibras naturais ajudam a absorver o som e a reduzir reverberações, criando uma atmosfera mais íntima e acusticamente confortável. Da mesma forma, materiais como lã e madeira contribuem para a regulação térmica do ambiente, equilibrando o conforto em todas as estações.

Texturas que provocam pertencimento

Existe ainda uma dimensão emocional na textura que vai além do design. Certos materiais nos conectam com memórias, sensações de pertencimento e raízes culturais. É por isso que, na Monterraro, a escolha da matéria-prima é também um ato poético. Uma escultura feita com erva-mate carrega consigo todo o imaginário do Sul do Brasil. Já uma feita com café fala de rituais, de encontros, de pausas no tempo.

Destaque da textura da mesa Ciclos, da Monterraro

Incorporar essas peças em projetos arquitetônicos não é apenas valorizar o feito à mão — é trazer para dentro do espaço camadas de significado. Esses elementos não apenas tornam o ambiente mais tátil, mas também mais humano — um ponto essencial em projetos que buscam bem-estar e longevidade.

O espaço como experiência tátil

Projetar um espaço não é apenas compor volumes e cores. É criar experiências sensoriais completas — e a textura é a ponte entre o tangível e o emocional. Em um mundo cada vez mais digitalizado, os ambientes que oferecem tato, profundidade e presença ganham relevância. Ao escolher trabalhar com materiais naturais e explorar sua diversidade tátil, é possível transformar o espaço em um organismo vivo, que convida à presença e à contemplação.